O novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicado nos dias 3 e 4 de outubro, vai representar um duplo desafio para os estudantes que querem usar a nota obtida para ingresso em uma faculdade. Eles terão que superar a forte concorrência deste ano e as modificações implementadas na prova, sobretudo maior quantidade de questões (63 para 180, mais a redação), dois dias em vez de ume c onteúdo que privilegia o raciocínio crítico.
Para se dar bem, especialistas ouvidos pelo CORREIO deram algumas dicas. A principal, uma unanimidade entre professores, é estar bem informado sobre os temas da atualidade. Como 100% das questões são contextualizadas, é bem provável que elas abordem temas correntes do noticiário. “Principalmente os assuntos importantes que aconteceram até agosto, que é quando a prova foi elaborada”, ensina a professora Anya Moura, que dá aulas de gramática, literatura e redação nos colégios Oficina, Módulo e Apoio. Ela recomenda a leitura habitual de pelo menos um jornal diário e duas revistas semanais “de ideologias diferentes, para que ele tenha sua própria opinião”, diz Anya.
A proposta do novo exame, de valorizar o raciocínio em vez da popular “decoreba”, deixa a prova mais difícil, o que pode contar a favor. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que elabora a prova, as fórmulas mais complexas virão junto às questões em que forem exigidas.
O novo Enem também tem 10% a menos de conteúdo do que os vestibulares tradicionais. Então, é bom ficar atento à lista dos assuntos exigidos, com professores ou no site www.enem.inep.gov. br. Outra boa dica é ficar atento aos enunciados das questões. Como os problemas da prova serão sempre contextualizados, os textos que apresentam as perguntas podem trazer bons indicativos sobre a resposta correta. “O aluno também deve prestar atenção e usar o raciocínio lógico para eliminar as dúvidas”, assinala o professor de gramática e redação Luis Alberto Ferreira, dos cursinhos Central do Vestibular, DNA e Análise.
Dificuldade
“A prova é bem elaborada, mas o problema é que aumentou muito o número de questões”, queixa- se André Fernandes, 17 anos, que vai usar a nota do Enem para tentar entrar em uma faculdade de direito ou engenharia de petróleo. Mas o estudante não reclama das dificuldades. “Acho uma prova mais justa do que a primeira fase da Ufba, porque não aprofunda tanto os assuntos específicos de cada área”, pondera André.
Nem todos apostam em um grau maior de dificuldade. Para o professor de língua portuguesa e literatura Evert Reis, do Colégio Anchieta, o novo Enem será mais simples do que a prova de um vestibular tradicional, onde é maior o volume de informações. “O Enem é mais honesto no desenvolvimento de habilidades e competências. Nossas escolas estão há um século trabalhando o volume de conteúdo, por isso o nível é menor”.
Tempo
Para a professora Lisabeth Texeira, dos colégios Helyos e Mercês, o aluno deve manter a tranquilidade para mostrar o que aprendeu. “Existe uma ansiedade em cima da prova, que será longa, em dois dias”, comenta.
O tempo, de fato, preocupa. Serão quatro horas para a resolução de 90 questões, em cada dia de prova, o que dá uma média de três minutos por questão. No segundo dia de prova, há uma hora a mais para a redação. “Como a proposta do Enem é medir a capacidade do aluno de solucionar problemas, a própria resolução da prova é um desafio”, explica Anya Moura.
Ela recomenda que os candidatos leiam toda a prova e o tema da redação, mas comecem pela resolução das questões objetivas. “No decorrer da prova, vão surgindo as ideias”, diz Anya.
Na hora da redação, é preciso ir direto ao ponto. “O texto deve ter raciocínio lógico e poder de comunicação. Não é para se preocupar com um texto elaborado. Vai ser uma redação mais curta, mas que demonstre a capacidade do aluno”, opina a professora.
Redação pode fazer a diferença
A redação é o diferencial para o Enem e unanimidade entre os professores, que tiveram quatro meses para preparar os estudantes - após a publicação das novas regras para o exame em maio. “As 180 questões objetivas são mais percepção. Uma pessoa descansada, com nível médio razoável, fará bem. O grande trunfo será a redação, que vai avaliar a arrumação de ideias, a bagagem de leitura e o nível de conhecimento do candidato”, explicou o professor Luis Alberto Ferreira, que trabalhou um tema por semana nos cursinhos em que ensina.
As apostas dos professores estão baseadas, em geral, em temas atuais, relacionados com a realidade do estudante, como urbanização, novas tecnologias e exploração de recursos naturais. Mas, nas últimas dez edições do Enem, a maioria dos temas girou em torno de problemas sociais e políticos brasileiros.
Em 2008, os estudantes tiveram que defender uma maneira para preservar a floresta amazônica. “Os temas trabalhados estão focados nas temáticas mais atuais, mas são apostas”, explica o professor do Colégio Anchieta, Evert Reis.
Outros profissionais preferem não focar a preparação para o Enem. “Apenas direciona e cria expectativa. A redação deve medir o nível de maturidade, a leitura de mundo, mostrar se o aluno sabe fazer um link entre todas as matérias que estudou e a realidade em que vive. Isso vale para o Enem como para qualquer outro vestibular sério”, exemplifica a professora de redação e literatura Lisabeth Teixeira, do Colégio Helyos. Localizada em Feira de Santana, a escola foi 4º lugar entre as mais bem colocadas no Enem 2008, em todo o país.
O tema da redação do Enem muda a cada ano. O texto deve ter estrutura de dissertação, mais de 15 linhas, respeitar o tema proposto, estar legível, conter a identificação do autor e escrita a caneta. Se o candidato não respeitar qualquer um desses critérios, a redação é zerada.
10 DICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO
1. Mantenha-se atualizado em relação aos grandes problemas brasileiros (sociais, políticos, culturais, ambientais etc.), lendo revistas e jornais. Só assim você enriquecerá seu repertório de informações e argumentos para opinar, de forma consistente, sobre o tema proposto.
2. Procure conhecer o modelo de redação do Enem, tomando contato com as propostas dos exames anteriores e, se possível, desenvolva essas propostas a título de exercício. Peça que seu professor de língua portuguesa avalie seu desempenho.
3. Na hora da prova, leia coma máxima atenção a proposta apresentada, procurando entender o que dizem os textos que a compõem. Lembre-se de que esses textos não podem ser ignorados no desenvolvimento de sua redação.
4. Ao desenvolver seu texto, você deve fazê-lo por meio de uma dissertação argumentativa e não de uma narração. Evite escrever em forma de diálogo.
5. Use a língua escrita culta, ou, em outras palavras, o português escrito padrão. Evite, pois, a linguagem popular ou a gíria.
6. Ao redigir seu texto, além de expor informações e argumentos, procure se posicionar diante da situação-problema presente na proposta.
7. Faça antes um rascunho e, na hora de passar a limpo seu texto, proceda a uma boa revisão.
8. Desenvolva seu texto comcoerência e de forma bem articulada. Esses dois aspectos também serão avaliados e receberão nota.
9. Não se esqueça de incluir em seu projeto de texto uma proposta de solução para o problema tratado no texto, conforme recomenda a competência.
10. Escreva no mínimo 15 linhas e use uma letra legível.
APOSTAS DE TEMAS
- Importância da água no futuro e no aquecimento global
- Inclusão digital: realidade ou alienação?
- A importância do novo acordo ortográfico
(Professor de gramática e redação Luiz Alberto Ferreira - Central do Vestibular, Análise e DNA)
- As novas matrizes energéticas, limpas e renováveis, em substituição ao petróleo
- Urbanização e sistema viário das grandes cidades
- Questão digital : e-commerce, contravenção e interferência da internet nos atos e costumes
(Professor de literatura Evert Reis - Colégio Anchieta)
- Crise financeira mundial
- Gripe suína
- A reformulação do ensino superior e o papel do estudante
(Professora Anya Moura - Colégios Oficina, Módulo e Apoio)
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