27 de outubro de 2009

Stênio Andrade

Os 7 pecados da Redação


Saber fórmulas e entender cálculos não ajuda o vestibulando na hora fatídica: a de escrever a redação. Parte obrigatória dos vestibulares das três universidades estaduais paulistas, a redação é um desafio totalmente diferente do restante da prova.

“Ela é feita para avaliar uma competência que as outras questões não avaliam”, afirma o professor da USP e do cursinho Anglo Francisco Platão Savioli.

Fuvest, Unicamp e Unesp adotam critérios parecidos para avaliar os textos. As equipes de correção ficam atentas a itens como adequação ao tema proposto e ao gênero do texto, desenvolvimento argumentativo, coesão e expressão. “O candidato precisa trazer alguma informação para o texto, mostrar que tem conhecimento e defender aquilo que pensa”, diz a diretora-executiva da Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco, responsável, há cinco anos, pelos temas da redação no vestibular.




Este ano, um batalhão de 400 pessoas fará a correção da Fuvest. Dessas, 60 vão trabalhar só na redação. Cada texto passa por dois avaliadores, que não conhecem a correção um do outro. Caso as notas tenham discrepância grande, a redação seguirá para um terceiro. Se a última nota não ficar próxima de nenhuma das outras, a própria Maria Thereza assume a correção. “Nesses casos, vale a minha nota.”

Na Unicamp – único dos três vestibulares em que há a opção de escrever um texto que não seja uma dissertação –, cerca de 20% das redações têm de passar pelo terceiro corretor. “Elas podem ter até cinco releituras”, diz Maurício Kleinke, coordenador de Pesquisa da Comvest, órgão responsável pelo vestibular. Segundo ele, 2% das redações são anuladas. Na maioria dos casos, por fugir da proposta.

Para não ter a redação desclassificada, o candidato deve ficar atento aos aspectos formais. “A análise é técnica. É avaliada na correção a capacidade do candidato de se comunicar por escrito, de forma clara, sem tentar enganar a banca”, diz Paulo Del Bianco, coordenador da correção da Vunesp, que organiza o processo seletivo da Unesp.

Professor da universidade, Rogério Chociay publicou um livro em que analisa as dissertações de vestibulares antigos da Unesp. Ele apresenta, e comenta, bons e péssimos exemplos de textos. “Algumas redações eu chamo de ‘camicase’. São praticamente um voo para a morte, para a anulação. Tem gente que escreve poesia, faz até desenho.”

1 Letra
O candidato não precisa ter letra bonita, mas deve garantir que o corretor consiga ler seu texto. “Uma letra garranchuda e ilegível revela incapacidade de comunicar uma mensagem”, afirma Rogério Chociay.

2 Tamanho
A redação deve ter um tamanho adequado, em geral entre 22 e 30 linhas. Um texto muito curto revela a incapacidade do candidato de desenvolver o tema. Mas ele também não deve ser muito grande. Tamanho excessivo pode revelar dificuldade para concluir ideias. E nada de enganar os corretores com letra grande ou margens falsas, para dar a impressão de um texto mais longo.

3 ‘Lúdicas’
Nenhuma banca de vestibular leva em conta produções que não sejam textos.Mostra de ingenuidade ou ousadia, redações “lúdicas” são anuladas de imediato por fuga do gênero.

4 Fuga do tema
Nunca se deve fugir do tema proposto. “O vestibulando deve mostrar que apreendeu a questão em debate”, diz o professor Francisco Platão Savioli, da USP e do Anglo.

5 Fuga do gênero
Com exceção da Unicamp, em que a redação também pode ser uma carta ou narração, os grandes vestibulares pedem textos dissertativos. Não escreva textos que fujam ao que foi pedido, nem desenvolva ideias “criativas”, como feito aqui.

6 Sem argumentação
O corretor tem um sério motivo para desconsiderar um texto em que não há argumentação. “Na redação você tem que desenvolver um raciocínio, não pode ficar dizendo sempre a mesma coisa”, diz Maria Thereza Fraga Rocco, da Fuvest.

7 Poesia
“Não escreva nada além de prosa. Se você é um excelente poeta, ótimo. Mas não em dia de redação”, recomenda a professora de Português do Etapa Célia Passoni.

A boa

Rogério Chociay destaca em seu livro que boas redações apresentam coerência, uso da norma culta da língua, além de argumentos a favor de uma posição. “Não precisa ser original, mas dar uma proposta sustentável”, diz Francisco Platão.

1 Comentários:

  1. Ae Stenio venho aqui pedir que altere o endereço do Comedia
    comedia-s.blogspot.com para www.comedia.blog.br

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