Na sala 11 do centro cirúrgico do Instituto do Coração de São Paulo, nove profissionais entre médicos, enfermeiras e instrumentistas, então prontos para a realização de mais um transplante cardíaco. Há pelo menos uma e meia, o paciente está na mesa de operação, o tórax escancarado por espátulas de metal, já sem seu próprio coração, a circulação sanguínea a cargo de uma maquina pesadona, colocada ao lado. O cirurgião Ronaldo Honorato Santos entra apressado. Nas mãos um pote branco. Dentro dele o coração do doador – extraído uma hora antes do corpo de um rapaz morto em um acidente de carro no interior paulista. Mergulhado em compostos de preservação, em baixa temperatura, o coração pálido e murcho é retirado do recipiente e entregue ao médico Alberto Fiorelli, cirurgião responsável pela operação. O transplante começa Fiorelli ajusta o tamanho dos vasos sanguíneos do coração doador às medidas do receptor e acomoda o órgão no peito do paciente. As vozes dos médicos misturam-se às conversas vindas do corredor. Frequentemente um celular toca. Algumas ligações são atendidas, outras ignoradas.

- Adrenalina.
Uma enfermeira lhe entrega uma seringa e ele injeta o medicamento em uma veia logo acima do músculo cardíaco. Três minutos depois o coração finalmente começa a bater. Seu ritmo ainda é descompassado. Para regula-lo, os médicos aplicam choques elétricos por meio de um desfibrilador. Só depois de normalizados os batimentos é que se coneta o restante dos vasos sanguíneos.
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