9 de abril de 2013

Stênio Andrade

Sobre Generalizações

Um texto de Rodolfo Neves, publicado em seu perfil do FB, achei bacana compartilhar pois é um texto bastante crítico sobre a realidade no nosso país nesse momento.
Nenhuma generalização é sociologicamente válida. Muitas vezes, o preconceito tem sua origem no ato de generalizar, de tornar um comportamento individual ou restrito a uma porcentagem pequena do objeto pesquisado à todos que pertencem ao grupo. Foi assim com os judeus (a famosa falácia de que todo judeu é rico), foi assim com os nativos (todo índio é preguiçoso), foi assim com as mulheres (toda mulher é inferior ao homem) e foi assim com os negros (aqui, as generalizações negativas são as mais variadas). Por qual motivo não se faz o mesmo com o cidadão branco de classe média e alta? Sim, esse cidadão que vai às baladas, se embriaga e sai dirigindo e matando? Logo, todo branco de classe média é um alcoólatra assassino. E os mesmos que pagam propina aos policiais, sonegam impostos e burlam as leis em busca de privilégio? Logo, todos da mesma condição social são corruptos. E assim por diante. E o heterossexual que molesta o filho? Logo, todo heterossexual é pedófilo e incestuoso. Então, como eu não concordo com generalizações que visam apenas depreciar um certo segmento da sociedade, deixo aqui uma proposta para que aqueles que tenham vontade e interesse, pensem sobre ela. Não sou religioso e não tenho crença nenhuma. Minhas ações são pautadas em resultados como a inclusão, a diversidade, o respeito ao próximo e à pluralidade. Portanto, sei que pessoas como o deputado Feliciano não são a maioria dos evangélicos. Sei de muitos evangélicos que criticam as violências ditas e praticadas por cidadãos como Malafaia, Edir Macedo, Valdomiro e Feliciano. Da mesma forma, há muitos católicos que criticam posturas e ações da Igreja Católica Apostólica Romana. E a crítica que ouço vai exatamente nesse sentido: negar a diversidade e praticar a generalização negativa como forma de desqualificação do interlocutor é um recurso retórico que impede o debate franco, aberto e construtivo. Como diz um grande amigo meu, debater com os que concordam com minha opinião é fácil. O diálogo interessante nasce da diversidade e não da homogeneidade. Portanto, prefiro não cometer o mesmo erro dos cidadãos nomeados acima. Não generalizo e sei que uma parte significativa dos evangélicos não concorda com as opiniões expressas por pessoas como o Sr. Feliciano. Espero, honestamente, que o debate entre fiéis e não-fiéis se faça de forma honesta e inclusiva. Caso contrário, de generalização em generalização, o resultado será uma sociedade na qual, na opinião de cada um de seus membros, ninguém presta, sem exceções.

Por Rodolfo Neves
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